Céu limpo mas com nuvens
Deambulações intelectuais sobre isto e aquilo...
Os inacessíveis manuais escolares

A APEL, desdobradamente Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, fez ontem saber que no próximo ano lectivo, que em breve terá inicio, os livros para o Ensino Básico irão aumentar 1,13 por cento. O que, segundo a mesma APEL, não é grave pois, pasme-se, este aumento é abaixo da inflação. Perante esta singular notícia eu pergunto então: E aquelas crianças cujos pais recebem o mísero ordenado mínimo? Será que para elas os manuais escolares não se tornam bens inacessíveis? É porque o dinheiro não estica e, desculpem lá a expressão, quem se lixam são os estudantes que cada vez mais se vêem afastados da escola e da educação a que todos deveriam ter direito. A APEL anunciou ainda que muitos dos manuais serão já escritos segundo o novo Acordo Ortográfico, acordo esse que nunca teve em conta a opinião do povo tuga, maioritariamente contra a essa fantochada de alterar uma língua e uma gramática que foi levada aos outros e não copiada dos mesmos. Enfim, numa altura em que a Pátria é vendida ao eixo franco-alemão (eixo = expressão que não se usava desde o último conflito mundial) não é de estranhar que abdiquemos igualmente da língua e da educação. Enquanto isso, a des(educação) aumenta e o abandono escolar também. Saliente-se, no entanto, que esse abandono nem sempre é fácil de quantificar na medida em que muitos vão para a escola mas não com o intuito de aprender. Vão porque simplesmente não têm mais para onde ir, vão porque a escola hoje é um sitio em que se perpetram crimes e na maior parte das vezes se fica impune, vão para fazer a vida negra aos professores que estão já desmotivados por um modelo de avaliação que torna a sua actividade ridícula. Estes são os verdadeiros problemas da educação em Portugal e o aumento do preço dos manuais escolares, abaixo ou acima da inflação, não ajuda em NADA!
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2 comentários
De Maria Araújo a 18.08.2011 às 14:55
Mas há de tudo. Há quem tenha subsidio e viva bem, os alunos têm telemóveis melhores que o dos professores, como eu, gastam balúrdios em bolos e cá fora em sandes.
As coisas estão muito mal distribuídas, infelizmente.
Os manuias, já nem falo.
Bom post.
De tron a 19.08.2011 às 23:43
Sei que a vida aumenta e nem sei que mais possa dizer, mas não deveria haver forma de controlar estes aumentos, por exemplo no liberalizar dos preços, já que cada ano que passa os livros perdem qualidade.