Céu limpo mas com nuvens
Deambulações intelectuais sobre isto e aquilo...
A desgraça da docência

Ser professor já não é aquilo que era! Lembro-me que nos meus tempos de estudante, que não são tão longínquos quanto isso, e refiro-me ao Ensino Básico e Secundário, havia ainda um certo respeito e uma certa reverência pelos professores. É certo, que essa reverência em nada já se comparava com a que existia no tempo dos meus pais, no entanto, muito embora alguns actuassem de forma leviana, na generalidade ainda estava bem presente nas nossas cabeças que o professor era a autoridade. Outrora, a vida de professor revelava já ser algo um tanto ou quanto instável, isto é, a colocação podia ser em cus de judas ou até não existir e ficar efectivo numa escola nunca foi fácil. Ainda assim, os professores, na sua maioria, sentiam-se preenchidos, satisfeitos com a sua profissão pois formavam os discentes e recebiam dos mesmos veneração. Era esse respeito que lhes dava a sensação de que qualquer sacrifício valia a pena. Nos dias que correm, e perante os últimos noticiários, o desemprego grassa entre a classe docente e aqueles que conseguem leccionar vêem-se a braços com o mais completo desinteresse. Se dantes já não era pêra doce ser professor a não sei quantos quilómetros de casa, hoje o esforço que os professores fazem para ensinar em nada é recompensado. E não é recompensado por vários motivos: a falta de interesse dos alunos, as agressões verbais e físicas de que muitas vezes são alvo, um processo de avaliação que não é justo e ridiculariza a sua acção enquanto docentes, et cetera, et cetera. Por tudo isto caminhamos para aquele abismo em que se tornam todos os contextos em que as pessoas não têm formação académica e muito menos cívica. A verdade é que não se fazem omeletas sem ovos e em Portugal muitos são aqueles que já não querem ensinar mesmo que alguns ainda queiram aprender.