Céu limpo mas com nuvens
Deambulações intelectuais sobre isto e aquilo...
Os inacessíveis manuais escolares

A APEL, desdobradamente Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, fez ontem saber que no próximo ano lectivo, que em breve terá inicio, os livros para o Ensino Básico irão aumentar 1,13 por cento. O que, segundo a mesma APEL, não é grave pois, pasme-se, este aumento é abaixo da inflação. Perante esta singular notícia eu pergunto então: E aquelas crianças cujos pais recebem o mísero ordenado mínimo? Será que para elas os manuais escolares não se tornam bens inacessíveis? É porque o dinheiro não estica e, desculpem lá a expressão, quem se lixam são os estudantes que cada vez mais se vêem afastados da escola e da educação a que todos deveriam ter direito. A APEL anunciou ainda que muitos dos manuais serão já escritos segundo o novo Acordo Ortográfico, acordo esse que nunca teve em conta a opinião do povo tuga, maioritariamente contra a essa fantochada de alterar uma língua e uma gramática que foi levada aos outros e não copiada dos mesmos. Enfim, numa altura em que a Pátria é vendida ao eixo franco-alemão (eixo = expressão que não se usava desde o último conflito mundial) não é de estranhar que abdiquemos igualmente da língua e da educação. Enquanto isso, a des(educação) aumenta e o abandono escolar também. Saliente-se, no entanto, que esse abandono nem sempre é fácil de quantificar na medida em que muitos vão para a escola mas não com o intuito de aprender. Vão porque simplesmente não têm mais para onde ir, vão porque a escola hoje é um sitio em que se perpetram crimes e na maior parte das vezes se fica impune, vão para fazer a vida negra aos professores que estão já desmotivados por um modelo de avaliação que torna a sua actividade ridícula. Estes são os verdadeiros problemas da educação em Portugal e o aumento do preço dos manuais escolares, abaixo ou acima da inflação, não ajuda em NADA!