Céu limpo mas com nuvens
Deambulações intelectuais sobre isto e aquilo...
Um país onde só os famosos morrem

Nos últimos dias tenho temos sido assaltados por uma catadupa de notícias sobre a morte de Angélico Vieira. Tirando o facto de ser uma figura pública, pergunto-me o que tem a sua morte de especial em relação a outras tantas em situações idênticas. E esta pergunta conduz-me inevitavelmente a outra: será que o facto de ser famoso o torna no único morto deste acidente?
A verdade é que no nosso rico país à beira mar plantado parece que só os famosos morrem, todos os outros, meros anónimos sem interesse, simplesmente desaparecem e se acaso os média falam neles é como número estatístico de uma estatística trágica qualquer.
Não é que eu simpatize ou antipatize com o jovem que morreu, a questão não é de forma alguma essa. O que me tira do sério é a desigualdade dos seres humanos não só na vida como na morte. É chocante a situação, mas mais chocante é a forma como ela tem vindo à baila nos telejornais, jornais e revistas cor-de-rosa cueca. Vira o disco e toca o mesmo enquanto o país vai conhecer medidas que eu ainda não percebi se são extraordinária de extra se são mesmo extra-ordinárias da mais pura ordinarice. Os jovens lá choram por Angélico como quem perdeu o pai ou a mãe mas chorarão muito mais quando deixarem de ter a PS3, o Ipad e todas essas merdas tecnológicas em que chafurdam dias a fio.
É assim neste país em onde só os famosos morrem!
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4 comentários
De energia-a-mais a 30.06.2011 às 11:36
Que a vida é efémera, é uma realidade - mas não pode ser «vazia». Na minha opinião muitos jovens de hoje (futuros adultos do amanhã) são vazios de valores, acreditando piamente em vidas de «glamour» que nunca terão, vivendo para o momento de fama instantanea que nunca chegará...
Pior mesmo só a inércia de quando chegam a adultos se encostam na vidinha do deixa andar...
Beijos
De Lígia Laginha a 30.06.2011 às 14:03
Beijos