Céu limpo mas com nuvens
Deambulações intelectuais sobre isto e aquilo...
Um país onde só os famosos morrem

Nos últimos dias tenho temos sido assaltados por uma catadupa de notícias sobre a morte de Angélico Vieira. Tirando o facto de ser uma figura pública, pergunto-me o que tem a sua morte de especial em relação a outras tantas em situações idênticas. E esta pergunta conduz-me inevitavelmente a outra: será que o facto de ser famoso o torna no único morto deste acidente?
A verdade é que no nosso rico país à beira mar plantado parece que só os famosos morrem, todos os outros, meros anónimos sem interesse, simplesmente desaparecem e se acaso os média falam neles é como número estatístico de uma estatística trágica qualquer.
Não é que eu simpatize ou antipatize com o jovem que morreu, a questão não é de forma alguma essa. O que me tira do sério é a desigualdade dos seres humanos não só na vida como na morte. É chocante a situação, mas mais chocante é a forma como ela tem vindo à baila nos telejornais, jornais e revistas cor-de-rosa cueca. Vira o disco e toca o mesmo enquanto o país vai conhecer medidas que eu ainda não percebi se são extraordinária de extra se são mesmo extra-ordinárias da mais pura ordinarice. Os jovens lá choram por Angélico como quem perdeu o pai ou a mãe mas chorarão muito mais quando deixarem de ter a PS3, o Ipad e todas essas merdas tecnológicas em que chafurdam dias a fio.
É assim neste país em onde só os famosos morrem!