Céu limpo mas com nuvens
Deambulações intelectuais sobre isto e aquilo...
O Pai Natal no Peso Pesado

O programa “Peso Pesado”, vulgo programa das gordas (na nossa sociedade ainda sexista), tem dois novos concorrentes: o Pai Natal e o Zé Povinho. Indiscutivelmente, são também estes dois concorrentes os melhor sucedidos, isto porque, do pé para a mão perderam 50 % do peso que tinham ficando até com tendências anorécticas.
Devido ao clima de competitividade o Zé desentendeu-se com o Natal e agora mesmo ganhando uns míseros 500 euros na época Natalícia só receberá 250 para fazer as suas comprinhas. Sim, porque 500 euros são alguns tostões acima do ordenado mínimo e o Zé tem de ser castigado porque ainda não emagreceu o que devia.
Ironias à parte, alguns espíritos mais atentos clamam já pela inevitável revolta. Deve haver por certo alguma parábola que fale de um animal que sendo sempre manso sofreu tantas sevícias que se transformou numa fera e lançou o caos. Porque quando chegarem os pacotes 4, 5 e 6 não há animal que mantenha a mansidão e a terra dos brandos costumes dará lugar a uma tumultuosa anarquia.
Até lá o Zé Povinho vai continuando no programa das gordas e com ele estarão também os subsídios, os salários e todos o tipo de benesses que servirão de exemplo para quem quer emagrecer. O mesmo não se poderá dizer dos impostos, contas do gás, da luz e da água que sofrerão cada vez mais de obesidade mórbida.
Quanto a mim tenho de estar atenta pois abriu a caça ao funcionário público que tal qual o escaravelho das palmeiras é visto como o sugador da seiva monetária do Estado e uma espécie a exterminar.