Céu limpo mas com nuvens
Deambulações intelectuais sobre isto e aquilo...
A (in)justa causa

Por estes dias muito se tem falado de despedimentos, das causas que podem justifica-los e da justiça das mesmas causas. Conclui-se portanto que despedir é obrigatório e que a discussão está nos argumentos que se usam para dispensar um trabalhador. No entanto, justiça sempre foi e é um conceito marcado pela relatividade. O que pode ser justo para mim é de certo injusto para outros e assim sucessivamente. A justiça depende do contexto em que estamos e de como observamos aquilo que deve ou não ser justo. Evidentemente, que o trabalhador não achará justo perder o trabalho, deixar de auferir um salário e prescindir da capacidade de pagar contas, comer, vestir e calçar. Contudo, aquele que despede, o patrão ou chefe, não acha justo pagar um salário a alguém que para si não é produtivo e mandria no trabalho. Ou seja, a mesma questão, pontos de vista diferentes. Mas colocando de lado toda esta filosofia, na prática apenas um dos lados será prejudicado: o trabalhador. E no topo de toda esta questão o seguinte: deixará a justa causa de ser necessária para despedir? E, nesse sentido, qualquer pessoa poderá ser despedida só porque sim? Passará a salvaguarda do nosso posto de trabalho a depender do chefe gostar ou embirrar connosco? Estas são as perguntas que nós, trabalhadores, queremos ver respondidas. Não obstante, os nossos governantes estão mais preocupados em esmiuçar o direito do trabalho e a Constituição procurando avidamente razões para lixar o povo tuga e agradar à noiva Troika.
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A hipócrita caça ao Alberto João

Se há coisa que me tira do sério é a hipocrisia. Hipocrisia significa fingir virtudes, crenças e sentimentos que afinal não se tem. Ora perante esta explicação nada mais apraz dizer senão: os nossos governantes são doutorados em hipocrisia. Num país em que se chamam “doutores” a meros licenciados porque “doutores” de verdade eles nunca serão, os políticos batem recordes na capacidade de se doutorarem, nada mais, nada menos, do que em hipocrisia. Tenho assistido estes dias a uma verdadeira caça a um homem, homem esse Alberto João Jardim de seu nome, homem esse sempre conhecido pelo seu temperamento sarcástico e rebelde, homem esse que governou a Madeira como da sua casa se tratasse, homem esse que mais claro nos procedimentos e maneira de estar na vida não podia ser. E é neste último ponto que entra a hipocrisia. É que agora os excelsos governantes, e afins, da terra tuga vêm dizer que desconheciam por completo a condição económica do arquipélago madeirense. Desculpem lá as mentes mais sensíveis mas eu não acredito! E não só não acredito que desconhecessem o tal “buraco” nas contas do Alberto João, como ainda ouso dizer que além de conhecerem o tal o “buraco” alguns contribuíram também para torna-lo maior. Esta mania que as pessoas têm de fugir com o rabo à seringa enerva-me, tanto quanto o facto de se aproveitarem de alguns aspectos para “bater no ceguinho” e pintar o quadro à sua maneira. Não sou fã do Alberto João mas há uma coisa que sou: adversa aos hipócritas e falsos moralistas.
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A pílula devia ser GRÁTIS

No seu percurso galopante a caminho do Terceiro Mundo, Portugal deixou de ter pílulas e vacinas comparticipadas. Mais uma forma de poupar diz o Governo, mais uma forma de aumentar o aborto e as crianças negligenciadas, digo eu. Sinceramente, mais uma vez só tenho uma palavra para descrever esta decisão: VERGONHA. Existem áreas em que não se pode cortar mais porque já estão mal o suficiente, e uma dessas áreas é a saúde. A saúde em Portugal rasa o caos e, tristemente, chegará velozmente até ele. Tornar inacessível algo tão necessário para a saúde feminina como é a pílula é inexplicável. A pílula devia ser GRÁTIS! Alguns falam no aumento da natalidade mas a natalidade deve ser uma coisa pensada pois ninguém pede para nascer e não deve nascer simplesmente porque não havia dinheiro para o contraceptivo. Como qualquer um pode observar são as famílias mais pobres que têm um maior número de crianças. Isto parece um paradoxo mas não é, é sim o simples resultado da falta de informação acerca dos meios anticoncepcionais e da incapacidade económica para os adquirir. Ora, não precisa ter mais de dois palminhos de testa para perceber que o encarecimento da pílula só contribuirá para uma natalidade descuidada e para uma maior negligência à criança que não pediu para nascer mas é uma consequência de toda a conjuntura negativa que a precede. Senhores governantes, eu até concordo com o aumento do IVA nos bilhetes de futebol ou do cinema, no entanto, deixar de comparticipar a pílula é algo que mexe demasiado com a intimidade das pessoas. Enfim, mais um erro no rol de muitos.